O Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia (IIPC) é uma instituição de Educação e Pesquisa Científica, pacifista, laica, universalista, sem fins de lucro, não doutrinária, independente, que se destaca pela excelência em cursos e publicações técnico-científicas sobre as ciências Projeciologia e Conscienciologia.

As ciências Projeciologia – estudo da Projeção da Consciência ou da Experiência Fora do Corpo - e a Conscienciologia - pesquisa da consciência, ego ou personalidade de maneira integral - foram propostas no Brasil e vêm conquistando espaço internacional, propondo novo paradigma para pesquisar a consciência.

Nas pesquisas projeciológicas e conscienciológicas, a consciência é estudada através do paradigma consciencial, facultando-lhe atuar, ao mesmo tempo, na condição de pesquisador, experimentador e objeto de pesquisa. São considerados outros corpos de manifestação, além do corpo biológico, a atuação em dimensões físicas e extrafísicas, o histórico de vidas e as interações bioenergéticas com seres e ambientes.

As pesquisas e as atividades oferecidas - Palestras Gratuitas, Seminários de Pesquisa, Cursos, Publicações, Congressos e Worshops - objetivam expandir e melhorar o entendimento da natureza humana e o desenvolvimento das habilidades parapsíquicas, através da investigação científica das manifestações da consciência, da experiência fora do corpo, da experiência de quase-morte (EQM) e demais fenômenos projeciológicos.

Fundado há mais de duas décadas (1988) e reconhecido com o título de Utilidade Pública Federal desde 1998, o IIPC atende à sociedade nas áreas Educacional, Empresarial e de Saúde, por meio de estrutura administrativa, docente e de pesquisa, em sistema de voluntariado técnico-científico. Possui pesquisadores atuantes em 15 Centros Educacionais de Autopesquisa localizados nas principais cidades brasileiras e 3 representações no Exterior.

No Brasil, os Centros Educacionais de Autopesquisa IIPC localizam-se em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Foz do Iguaçu (PR), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Salvador (BA), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Foz do Iguaçu (PR) onde também está sua sede administrativa. As atividades do IIPC são oferecidas também em aproximadamente 60 Núcleos de Extensão - cidades que não possuem estrutura administrativa.

No exterior, o IIPC possui atividades em Buenos Aires (AR), Montevidéu (UY) e Luanda (AO).

FONTE: www.iipc.org


V Café com Ciência com Ismael Pinheiro Jr.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Reciclagem e Programação Existencial: do Livro ao Filme, a Experiência de Dannion Brinkley

As mudanças possuem uma força impressionante quando têm que acontecer, quando são imprescindíveis e fazem parte do compromisso evolutivo inadiável. Contudo, se o viés motriz da evolução é a mudança, por que resistimos tanto a perceber a necessidade de mudar? E, mesmo quando a percebemos, por que é tão difícil reciclar enfim antigos hábitos, atitudes, desconstruir valores desatualizados e torná-los mais saudáveis? Por que estamos amiúde comprometidos com nossos ganhos secundários, envolvidos em pactos mórbidos e imersos em auto-sabotagens nocivas à nossa própria evolução? Evoluir requer coragem para enfrentar o desconhecido, encarar o desafio da renovação e abrir mão do superficial desnecessário; uma coragem conseguida através da vontade inquebrantável. Evoluir começa quando assumimos o comando de nós mesmos e a interia responsabilidade por nossos atos. Evoluir é, portanto, um movimento individual e intransferível.

Entre a intenção e o gesto de mudar, entretanto, há um abismo, ou melhor, um mata-burro que nos impede de prosseguir no caminho da mudança. Hesitamos diante dele, avaliamos os ganhos, tememos o pior, fraquejamos na vontade e receamos dar o próximo passo; esquecemos do nosso compromisso evolutivo, das nossas responsabilidades e do trabalho a ser feito a partir das mudanças. Entramos nos estreitos limites do restringimento físico, esquecemos a realidade pluri-existencial, da nossa procedência extrafísica e desprezamos nossas habilidades para realizar a programação determinada. É sempre mais fácil recorrer ao caminho mais simples e prático, aquele que não exige esforço, e por isso optamos pelo mais desejado em detrimento do que é necessário. Porém, alguns compromissos já estão determinados, o posicionamento consolidado e a vontade estabelecida em algum recôndito intraconsciencial. Basta apenas uma senha, uma imagem, um sonho, um evento, qualquer sinal que nos lembre que esses compromissos existem no universo intraconsciencial e que chegou a hora de colocá-los em prática. Às vezes, é preciso um trem descarrilhar para entrarmos nos trilhos. Outras vezes, é necessário um raio cair bem na nossa cabeça para produzir uma mudança relâmpago. Foi exatamente isso o que aconteceu com Dannion Brinkley.

Em 1975, um jornal da cidade americana de Augusta, no estado da Geórgia, publicou a notícia de que um jovem da Carolina do Sul havia sido atingido por um raio. O jovem se chamava Dannion Brinkley e até então ele nem suspeitara de que houvesse EQMs (Experiências de Quase Morte) e muito menos o que elas significavam. Dannion foi atingido por um raio enquanto falava ao telefone em casa, numa noite de tempestade. A descarga elétrica veio pelo fio do telefone, atingiu o seu pescoço e o levantou metros do chão. Dannion teve uma parada cardíaca da qual só conseguiu se recuperar horas mais tarde, num hospital, quando os médicos já não acreditavam mais na sua recuperação. Em coma, ele sobrevoou o próprio corpo, a sala médica, e foi além, à uma paragem extrafísica para ter com uma equipe de 13 consciências preocupadas com o seu destino na Terra. Reunido com o time que mais tarde ele descreveria como formado por 13 “espíritos de luz,” Dannion viu passar diante dos olhos o filme da sua vida até ali.

Na época em que o raio o atingiu, Dannion era uma consciência pertubada, um "garotão" de mais ou menos 30 anos, com todos os defeitos deslocados de um adolescente no auge da fase da afirmação. Era impaciente, imaturo, intolerante, egoísta, agressivo, briguento, individualista, cruel etc., citando apenas algumas de suas desqualidades. Casou-se com uma mãe, na verdade, a quem chamava de esposa, tal era o zelo e o comando desta mulher para com ele. Na pequena cidade em que vivia, Dannion era conhecido pelas suas brigas, confusões e até ações criminosas - ele já havia ateado fogo numa residência com toda a família lá dentro, quando tinha 12 anos, ou perto disso. Enfim, o filme da sua vida lhe apareceu diante dos olhos tal um documentário policial, com cenas de violência, refregas e confusões constrangedoras. Quando viu as imagens de tudo de errado que havia feito, ele ficou triste e chorou. Sentiu na pele, pela primeira vez, a gravidade do seu desvio e as consequências da sua dissidência extrafísica. Estava muito distante da consciência que devia ser para cumprir a programação existencial planejada e perdido o suficiente para não encontrar uma saída. Renascer para Dannion fez com que ele caísse no limbo de um esquecimento nocivo, pois a grande "virada de mesa" existencial, o que veríamos depois, não aconteceria de outra forma senão por meio de uma EQM irremediável. Sem o propósito de uma reciclagem séria, ele seguiria em automimese, repetindo erros motivado por sua índole agressiva.

Quando deixou o hospital pela primeira vez, Dannion experimentou o avanço descomunal do seu parapsiquismo. Ganhou o talento da premonição e uma incrível perceção energética. Podia prever eventos de um futuro distante e captar dados da história pessoal (holobiografia) de qualquer pessoa que estivesse na sua frente. Além, disso, passou a se projetar com frequência. Nessa época, procurou o dr. Raymond Moody, famoso por seus estudos de EQM e então uma autoridade em experiência projetiva nos Estados Unidos, além de também ser o autor do livro "Depois da Vida" e do ótimo documentário "Vida Depois da Morte," ambos sucessos de venda nos Estados Unidos e, mais tarde, em todo o mundo. O primeiro encontro entre Dannion e dr. Moody aconteceu numa das palestras que o médico dava nos Estados Unidos. "Eu estava fazendo uma palestra numa universidade estadual da Carolina do Sul a respeito de experiências de quase-morte e de meus estudos com pessoas que haviam tido essas experiências profundamente espirituais," conta o dr. Moody. "Durante o período de debates, no final da palestra, Dannion levantou a mão e nos falou de sua experiência. Ele deixou a platéia fascinada com a sua dramática história." Dr. Moody havia lido sobre o caso de Dannion Brinkley no jornal local e desde então ficou  interessado em conhecê-lo.

Os dois voltariam a se encontrar mais tarde, mas, após aquela primeira palestra, Dannion refugou. Com a experiência do debate científico, ele pensou que as suas vivências eram de fato doidas demais para fazer as pessoas acreditarem no que estava dizendo. Ele resistiu aos pedidos do dr. Moody para um novo encontro, mas a obstinação do médico acabou por vencer a resistência de Dannion. "Mais tarde, consegui marcar um encontro para entrevistá-lo e fui à casa dele para ouvir sua história," conta o dr. Moody. "A partir desse dia, a experiência de quase-morte de Dannion Brinkley permanece como uma das mais notáveis que já ouvi. Ele viu o próprio corpo morto por duas vezes, quando saiu dele e quando retornou, e, nesse intervalo, foi para um reino espiritual habitado por seres bondosos e poderosos que lhe permitiram ver sua vida numa completa retrospectiva e avaliar seus êxitos e suas imperfeições. Depois foi para uma linda cidade de cristal e luz, e ficou na presença de treze seres de luz que o inundaram de sabedoria."

Com o dom da premonição adquirido (ou melhor, recuperado) na dimensão extrafísica, após a série de  EQMs, Dannion disse em 1975 que o colapso da União Soviética iria ocorrer em 1989 e que seria marcado por problemas causados pela falta de alimentos. Previu também que uma grande guerra nos desertos do Oriente Médio seria deflagrada quando um país pequeno fosse invadido por um outro maior. Segundo Dannion, as consciências extrafísicas, com quem ele se encontrava durante as EQMs, lhe disseram que haveria um sério conflito entre dois exércitos em 1990. A guerra da qual eles estavam falando era, naturalmente, a Guerra do Golfo. Dr. Raymond Moody e Dannion Brinkley se tornariam amigos íntimos e uma parceria de trabalho nas palestras sobre EQM nos Estados Unidos. Até lá, Dannion teria pela frente uma fase de reciclagens existenciais e intraconsciencias sérias, que lhe exigiriam muito esforço, pois deveriam acontecer em tempo relâmpago, ou seja, na mesma velocidade que o raio havia lhe atingido dentro de sua própria casa. Esse esforço seria recompensado por tudo de positivo que aconteceria a Dannion nos anos seguintes, após essa trasformação, num processo exemplar de coragem para evoluir.

No filme do diretor Lewis Teague, uma produção de 1995, hoje apenas disponível no Brasil em VHS, o ator Eric Roberts fez muito bem o papel de Dannion Brinkley, representando de maneira convincente o período da sua transformação de caráter. Sua atuação elogiada lhe valeu uma indicação ao Prêmio Emmy e ao Globo de Ouro. No período em que passou do bandido odiado pela população da cidade ao mocinho admirado por muitos, vemos uma sequência muito boa de exemplos do que acontece quando mudamos radicalmente nossas atitudes patológicas. Em geral, o que vemos é que algumas companhias (físicas e extrafísicas) simplesmente nos deixam de lado (ou as deixamos para trás), outras fazem reciclagens ao mesmo tempo e seguem conosco a nova trilha, outras resistem, mas no fim elas se modificam também e seguem ao nosso lado. Isso é válido tanto para colegas e amigos, quanto para familiares, próximos ou distantes. Sendo a evolução da consciência de caratér individualíssimo, nesse momento, a referência deve estar sempre na nosssa frente, na escala evolutiva, e não nos que ainda estão presos no mimetismo acachapante, improdutivo e espúrio.

O filme do diretor Teague apresenta uma rica sequência de eventos parapsíquicos expostos com muita didática e o roteiro não deve ter ficado muito distante da realidade conforme narrada no livro "Salvo Pela Luz (Saved by The Light)" que Dannion Brikley escreveu para contar suas experiências, pois não há nada no filme que não possa acontecer com qualquer um de nós.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Superação do Assédio em Pauta

O livro "Contrapontos do Parapsiquismo", da autora Cirleine Couto, lançado pela editora Editares, é uma obra fundamental para entendermos o processo de superação do assédio interconsciencial rumo à desassedialidade permanente, como bem anuncia o subtítulo da obra. 

O parapsiquismo é uma função natural humana, comum a todos em maior ou menor grau, através da qual vivenciamos as percepções extrassensoriais e com a qual estabelecemos a comunicação interdimensional. Também conhecido por paranormalidade, o parapsiquismo é uma ferramenta evolutiva essencial, utilizada pela consciência para transpor os limites da realidade física a fim de alcançar maior discernimento e lucidez perante a realidade multidimensional. Para isso fazemos uso dos veículos de manifestação (soma ou corpo físico, energossoma ou corpo energético, psicossoma ou corpo das emoções e o mentalsoma ou corpo mental) e das nossas potencialidades bioenergéticas.

O parapsiquismo, que está associado à mediunidade, é uma habilidade que pode ser desenvolvida de maneira sadia pela consciência empreendedora em sua evolução pessoal. Temas relacionados ao parapsiquismo são cada vez mais comuns em livros, revistas, filmes, seriados, novelas etc., mas raramente são abordados tecnicamente. A autora Cirleine Couto apresenta o resultado de um trabalho sério de autopesquisa, com o propósito de nos mostrar de forma direta, e por vezes crua, a realidade tanto daqueles que encontram-se no período de transição de patamar evolutivo, motivados pela vontade de reciclar traços fardos da personalidade, cientes dos beneficios do investimento na evolução pessoal, quanto dos que simplesmente ignoram tudo isso imersos numa ignorância automimética.

Com uma escrita técnica arrojada e brilhantemente desenvolvida e demonstrando raro domínio do tema, a autora "utiliza a técnica de contrapontos e contrastes, explicita as condições sadias e doentias no emprego do parapsiquismo, a utilização do atributo em prol da evolução, da interassistencialidade, ou na contramão, como instrumento de manipulações conscienciais antievolutivas, além de indicar soluções e terapias para problemas, enigmas e impasses desta complexa área cognitiva humana, ainda pouco explorada cientificamente".

O parapsiquismo é em si um tema obrigatório a todos os que priorizam o autoconhecimento multidimensional e estão investindo na sua evolução pessoal. A gestação consciencial Contrapontos do Parapsiquismo é uma obra que em muito irá lhe auxiliar nesse caminho.

Hábito de Ler Cresce Entre o Público Jovem


A partir de sucessos de venda como Harry Porter e Crepúsculo, o público jovem tem demonstrado que o aumento considerável do hábito da leitura desmente a crença de que jovem não gosta de ler. O consumo de obras juvenis ou best-sellers é, no entanto, apenas o começo de uma longa e construtiva convivência com os livros, pois nota-se que, a partir da leitura dessas obras da moda, o jovem hoje lança-se aos clássicos da literatura, à discussão temática, construindo massa crítica e capacidade de interpretação.

O avanço do cinema, da televisão, dos videogames e da internet precognizavam que o hábito de ler estava fadado a morrer. No Brasil da virada do século XX para o XXI, o prognóstico parecia irremediável, reforçado pelo fato de que o nosso sistema de ensino andava em inevitável declínio, muito pelo fracasso na missão de formar leitores. Em 2005, por exemplo, a rede de livrarias Saraiva vendeu 277.000 exemplares de títulos voltados para o público infantojuvenil. Em 2010, foram 1,7 milhão, ou seja, um aumento inacreditável de 514% nas vendas de livros para jovens.  Além disso, livros de História e Autoajuda têm recebido crescente interesse não apenas dos jovens, mas também da classe adulta. Sucessos como 1808, 1822 ou Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil têm encabeçado as listas dos mais vendidos. É fato que foram os jovens leitores que impulsionaram os maiores sucessos das livrarias na última década.


O hábito de ler acontece através do prazer e da curiosidade e produz um processo de aprendizado acumulativo, desenvolvido de maneira suave, sem esforços desestimulantes. Além disso, a leitura desenvolve o vocabulário, o domínio dos conceitos abstratos, a precisão interpretativa, o senso crítico. Um estudo divulgado no mês passado pela Universidade de Oxford demonstra uma conexão direta entre a leitura e o sucesso profisisonal. Conduzida pelo americano Mark Taylor, do departamento de sociologia, a pesquisa ouviu 17.200 pessoas nascidas em 1970, comparou as atividades extracurriculares desenvolvidas por elas quando tinham 16 anos com sua posição hierárquica aos 33. A leitura se revelou o único fator que, de forma consistente, esteve associado à ascensão profissional. Para as mulheres, a chance de ter um cargo mais elevado cresce de 25% para 39% quando leem; para os homens, de 48% para 58%. Nenhuma outra área de formação teve impacto mais significativo. A pesquisa não considerou a leitura de livros obrigatórios do currículo escolar, apenas daqueles que os jovens tiveram prazer em ler.

É preciso mostrar aos jovens uma leitura que os satisfaça, seduza, faça-os ler porque eles querem não porque são obrigados. A pedagoga Elizabeth Baldi, fundadora da Escola Projeto de Porto Alegre, afirma que, "exigir a leitura de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis (na escola) e marcar uma prova semanas depois definitivamente não é o caminho."  Ler é indispensável para aqueles que querem se expressar bem. Mostra as diversas possibilidades da língua e enriquece o conhecimento. O escritor Miguel Sanchez Neto diz que, "(a leitura) é a forma mais eficiente de saber e de humanizar-se, colocando-se no papel do outro. Deixa a pessoa mais próxima da civilização e mais distante da barbárie." Isso só pode ser considerado, é bom salientar, quando o leitor procura uma leitura mais seletiva, construtiva e, consequentemente, enriquecedora. "O livro não deve tratar o leitor como consumidor e acompanhante passivo," diz Luís Augusto Fischer, professor de literatura brasileira da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autor de Filosofia Mínima - Ler, Escrever, Ensinar, Aprender. Mas também é fato que o hábito da leitura segue uma escala de aprimoramento. Convém dizer que, no começo, é preciso ler o que se quer ler, não importando a qualidade; esta chega com o tempo, quando o próprio leitor sente naturalmente que precisa aprimorar a sua leitura, lendo algo mais consistente, sério, edificador. O escritor de best-sellers Tom Wolfe, por exemplo, lia apenas sobre beisebol até os 16 anos de idade.


Igualmemte importante é promover a leitura antes da compra do livro: uma ação motivadora para instigar a curiosidade do leitor potencial. Criar debates, publicar resenhas, entrevistar autores e leitores, promover eventos envolvendo lançamentos de livros podem ser algumas sugestões interessantes. Uma espécie de congraçamento social em torno do livro, uma celebração da leitura. Essa é também uma função da livraria, não apenas do editores.

Matéria baseada na publicação especial da Revista Veja, edição 2217, ano 44, nº 20, de 18 de maio de 2011.

domingo, 15 de maio de 2011

Lei Obriga Bibliotecas e Livrarias Exporem Obras de Escritores Locais

Por Mariana Serafini (Click Foz)
Segundo o Projeto de Lei, as livrarias deverão dar destaque à literatura local e utilizar estantes específicas para enfatizar as obras da seguinte forma “Autores de Foz do Iguaçu/ Autores do Paraná”. A proposta é do vereador Nilton Bobato (PcdoB), a ideia surgiu depois de ele ter conhecido o incentivo à leitura existente no município de Canoas (RS), onde a lei já entrou em vigor. “A iniciativa proposta pelo legislativo local teve grande repercussão entre os escritores e a comunidade, além de ter despertado novas medidas legislativas de incentivo à leitura e às políticas de cultura na cidade”, afirmou Bobato. A partir da sanção do Executivo, as livrarias terão um prazo de 90 dias para se adequarem à lei.

Os escritores iguaçuenses apoiam o projeto. Jeane Hannauer, autora de três livros publicados, acredita que esta iniciativa deveria ter sido tomada pelas livrarias e bibliotecas sem precisar de obrigatoriedade através da lei. “Esta iniciativa é fundamental para a divulgação do trabalho dos escritores locais, isso já deveria ter sido feito. Na verdade as livrarias deveriam ter feito isso por conta própria, mas já que não fizeram, fico feliz que tenha tomado este caminho do legislativo”, diz.

Ao entrar em livrarias na cidade percebe-se várias mesas com livros específicos, dificilmente uma delas é de escritores locais, normalmente eles estão discretamente guardadas em prateleiras. “As obras de escritores locais acabam prejudicadas neste universo dominado pelas grandes editoras, em que as prateleiras acabam dominadas por best-sellers. Por isso, a necessidade de institucionalizar políticas de incentivo à literatura local nos municípios, para tentar subverter a lógica essencialmente comercial das livrarias”, elucidou o vereador. Bobato acredita que o incentivo à leitura é um processo natural para a democratização e acesso ao livro, pois quebra-se o paradigma da lógica que privilegia o circuito comercial do livro. 

Quinta, 12/05/2011 - 15h56

A Reconstrução de uma Consciência


Por religião entende-se a crença na existência de forças ou entidades sobre-humanas responsáveis pela criação, ordenação e sustentação do universo; forma particular que essa crença assume com base em cada uma das diversas doutrinas formuladas; existência vivida em obediência escrita aos princípios de um sistema religioso; respeito ou reverência às coisas sagradas; vínculo a uma forma de pensamento ou crença que encerra uma concepção filosófica (Dicionário Eletrônico Aulete). Enquanto sacerdote dedicado por vinte anos aos serviços da Igreja Católica Apostólica Romana, o então Frei Marcelo foi um religioso idealista, leal, responsável e dedicado, imbuído na busca de encontrar a vida consagrada e no exercício do pleno sacerdócio.

Na igreja, Frei Marcelo foi um pregador da palavra cristã para milhares de pessoas, pastor comprometido a inúmeros  fiéis e catequizador eficaz para muitos jovens dispostos a iniciar os estudos da vida religiosa. Mas a religião, aos poucos, foi deixando sem respostas vários questionamentos de Frei Marcelo na medida em que os seus interesses e dúvidas se avolumavam além dos muros da igreja. A religião esgotava para ele as suas possibilidades evolutivas. Foi então que se viu diante de uma crise de crescimento ao decidir, primeiramente, encarar o auto-confrontamento. Enquanto religioso, Frei Marcelo nunca abandonou a busca da sabedoria por meio de uma verdade lógica. Esse caminho, como era de se esperar, o levou à racionalização da doutrina religiosa e a questionamentos cada vez mais frequentes, fato que, por si só, já demonstra crescimento e que mais tarde o levaria a tomar a decisão do rompimento definitivo com a instituição religiosa.

Essa dissidência, no entanto, não foi apenas de ordem institucional ou idealista. Frei Marcelo não ampliou a maneira que se praticava a religião seguindo filosofias revisadas por ele nem corrigiu leis, ordens e regras. O seu rompimento não ocorreu por meio de um crescimento dentro da religião, mas para além dela. Sendo assim, a sua reciclagem intraconsciencial abandonou os princípios da doutrina cristã a fim de encontrar liberdade de pensamento, uma forma de estudo que o possibilitaria "maior alcance evolutivo das tarefas do esclarecimento (p.24)" , segundo afirma-se no seu livro. Frei Marcelo admitiu, racionalmente, uma mudança de paradigma: encontrou aquele em que a consciência assume as rédeas de sua própria evolução; saiu da epiderme espiritual para ampliar seu universo interior de possibilidades; passou a ter uma "cosmovisão racional proporcionada pelo paradigma consciencial (p.25)."


Marcelo da Luz lança agora Onde a Religião Termina, a obra na qual ele expõe todo o processo de dissidência vivido com a Igreja Católica, "a renúncia pública à crença religiosa ou o abandono da religião (p.19)," e nos brinda com seu notável exemplarismo, numa tomada de decisão fundamentada no auto-enfrentamento, no empenho destemido da reciclagem intraconsciencial e na coragem também para vencer uma auto-mimese religiosa, possivelmente, secular. Todos sabem o quanto é difícil romper com antigos valores e velhos comportamentos. Para termos uma vaga idéia disso basta pensarmos em como é duro nos desfazermos de objetos da casa, hábitos corriqueiros e até mesmo maneiras de pensar. Uma auto-atualização mnemônica, isto é, da memória, aparentemente poderia não nos trazer maiores pesares, caso se resumisse à uma mera mudança de auto-imagem. A nossa memória não guarda apenas nossas formas de agir e pensar, mas, sobretudo, carências, necessidades e, de uma forma geral, uma insondável vulnerabilidade a tudo que é novo. Tomando por base o ser humano comum, tememos o novo em maior ou menor grau, quando este envolve mudança de comportamento e hábitos. "A eliminação de vícios, a superação de ideologias, o abandono de instituições ou de estilos de vida não equivalem a simplesmente mudar de endereço, trocar de roupa ou permutar um carro (p.21)."  As mudanças envolvem "um movimento consciencial," para o qual precisamos ter uma convicção inquestionável quanto às nossas novas necessidades e uma vontade inquebrantável para ampliar os horizontes daquilo que alimenta a nossa fome de evolução.

ONDE A RELIGIÃO TERMINA
Marcelo da Luz
Ed. Editares R$ 68,00

VENDA ONLINE

A entrevista a seguir foi dada por Marcelo da Luz ao Programa Ciência & Consciência, na TV Compléxis, com direção de Ton Martins e apresentação de Amaury Pontieri. Nela, o escritor fala de sua obra e nos revela os bastidores da sua exemplar reciclagem de vida.

PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


PARTE 4


VÍDEO PROMOCIONAL



terça-feira, 10 de maio de 2011

Onde a Religião Começa


A discussão sobre religião e ciência tem inspirado autores os mais diversos, sobretudo, ao longo desta década e algumas publicações merecem destaque, como "O Fim da Fé" de Sam Harris, "Deus Não é Tão Grande" de Christopher Hitchens e "Deus: um Delírio" de Richard Dawkins. Em todas elas há um interesse demasiadamente científico em investigar a existência de Deus, buscando utilizar a razão em novas abordagens aos métodos do pensamento religioso e a lógica na concepção divina.

Essas publicações fazem também um alerta sobre os perigos da manipulação de líderes religiosos em geral, assim como ressaltam a importância do senso crítico. Contudo, mais do que expor a intenção de revisar os valores das religiões, essas obras visam não apenas lembrar o passado violento do poder eclesiástico e contar os seus mortos (leia-se Inquisição e Cruzadas), mas igualmente oferecer modelos não-religiosos (leia-se Ciência) para se chegar à verdade "absoluta," o que parece uma intenção equivocada, pois o universo nos mostra que a verdade nele contida é irremediavelmente renovável.

Um modelo de pensamento baseado em fatos e casuísticas pessoais, na construção de uma verdade relativa de ponta, entretanto, não parece ser de forma alguma do interesse da Igreja e nem do interesse da Ciência. Se a autoridade da Igreja tem sido indiscutível ao longo de dezenas de séculos, primeiro, como parceira da monarquia, e mais tarde, como conselheira de governantes dos mais díspares regimes, a classe científica se mostra cética e inflexível com qualquer forma de teoria baseada unicamente no auto-experimento e não abre mão da observação terceirizada. Em ambas, a liberdade de pensamento tem os seus limites.

Contudo, a validade mesmo questionada da Igreja de hoje mostra que sua postura dogmática e doutrinadora de outrora ainda atende às necessidades espirituais da grande maioria dos seres humanos. O exercício da espiritualidade usado pelas religiões pode ser uma evidência clara do atual momento evolutivo no planeta: utilizando uma forma de pensamento rudimentar (adoração) e primária (crença), o ser humano devoto ainda precisa de um líder religioso para (1) lhe mostrar um caminho salvador, (2) apresentar evidências de um Criador universal, onipotente e onipresente, capaz tanto de iluminar vidas com dádivas como escurecê-las com punições, (3) interpretar os ensinamentos de um salvador santificado, representante do Criador, e (4) usufruir de uma instituição religiosa para que a fé seja posta em prática, com a visualização desse caminho por meio de cultos, sessões, rituais, missas etc., tudo a um preço módico (dízimo), seja em dinheiro ou em dedicação.

É inegável que a religião ainda é válida para a grande maioria das pessoas e sua postura dogmática, dominante e irrefutável segue fundamentada na necessidade de prover beatificação, milagres, crenças e muletas espirituais para aqueles que precisam, atuando num mercado salvacionista o qual, se já não é tão estatisticamente dominante como em séculos pretéritos, ainda segue se beneficiando da lenta marcha evolucionária neste planeta. Embora o exercício de doutrinação usado por muitas religiões ainda seja visto como uma forma de manutenção de poder e interesse no domínio das massas, a questão mais significativa não deve ser colocada na intenção das religiões, mas na condição de vulnerabilidade dos seres humanos espiritualmente ainda dependentes de padres, igrejas e santos.

Tanto o poder material, na cobrança de dízimos às igrejas e o conseqüente enriquecimento de seus proprietários, presidentes etc., tornando igrejas verdadeiras empresas, com taxas de crescimento de fiéis e aumento de patrimônio, quanto o poder político, que já se espalha na mídia e nas eleições de vereadores, deputados, senadores e até presidentes da república.

O uso da fé como forma de enriquecimento material não é uma novidade. Na Idade Média a Igreja Católica vendia indulgências aos seus seguidores, com a promessa de que ela lhes daria acesso ao paraíso. Hoje o dízimo lhes garante a mesma coisa, quando Jesus voltar para reunir os pagantes e esquecer todo o resto pagão. Para os fiéis, o dízimo é justo e ninguém se recusa a pagar o valor por alguns anos de vida terrena se ele lhes dará em troca uma eternidade no paraíso. Isto é, as compensações de uma vida no Éden são muito mais valiosas do que apenas 10% do valor dos seus salários na Terra.

Além da discussão sobre o poder das igrejas hoje em dia, autores céticos costumam confrontar religião e ciência com a intenção de mostrar que não há razão alguma para se acreditar em Deus nem lógica em ser manipulado por um padre ou pastor. Mas esses escritores desprezam a condição do observado, isto é, a necessidade dos fiéis em ter crenças e alguém que os guie, seja um líder ou um salvador ou ambos, e descartam a realidade de que a média da humanidade ainda está muito aquém de conquistar e utilizar o pensamento científico nas suas convicções.

Tanto a religião quanto à ciência atendem a necessidades diferentes, na medida em que uma quebra paradigmas com o olhar no futuro, a outra tenta manter suas tradições com o olhar no passado. Desde o século XVI, porém, tem sido comum a visão de que a religião e a ciência empregam diferentes métodos para se dirigir a questões diferentes, sendo o método científico uma abordagem objetiva para mensurar, calcular e descrever o universo natural, físico e material e as religiões mais subjetivas, baseando-se nas noções variáveis de autoridade, revelação, intuição, crença no sobrenatural, na experiência individual, ou uma combinação destas para compreender o universo.

Infelizmente, a história da humanidade mostra que houve uso de intolerância, imposição e dogmatismo tanto das religiões quanto da ciência. Exemplos dessas intolerâncias são respectivamente a Inquisição na Idade Média e o método científico. Richard Dawkins, por exemplo, ridiculariza a crença em Deus com argumentos ditos por ele como sendo científicos, porém repletos de visões ditas como verdades absolutas, ignorando o âmbito das hipóteses pessoais através das auto-experimentações: a ciência convencional não coloca o pesquisador no centro da sua pesquisa. O seu olhar é sempre exógeno, no outro, externo à sua realidade intraconsciencial e, portanto, isento de exemplarismo e autovivenciologia.

O discurso sobre o papel das religiões hoje em dia ignora a importância que elas têm para uma grande maioria de consciências ainda imaturas para pensar por si mesmas e ignorantes o suficiente sobre os assuntos do além para distinguir o fato da crença. As religiões não deveriam estar no centro das discussões, e sim a vulnerabilidade do momento evolutivo do ser humano neste planeta.Se deve ser um princípio comum o respeito ao próximo, deve-se também evitar toda postura que deprecie ou desvalorize a concepção da consciência imatura e fira os valores de igualdade entre todos, quer advindos das religiões ou da ciência. Não é com desprezo que iremos entender aqueles que ainda precisam das religiões, nem tampouco caçoando da sua necessidade de busca espiritual que promoveremos alguma mudança.

Um olhar mais racional para o tema nos colocaria mais diretamente no cerne da questão: o momento evolutivo da humanidade. A discussão sobre o que as religiões têm feito e ainda fazem e qual o seu legado não responde a questão sobre a razão pela qual a humanidade ainda precisa de tais métodos religiosos, doutrinas, seitas, simbologias, rituais etc. A análise deve partir da realidade evolutiva do planeta a fim de encontrarmos hipóteses capazes de fazer o ser humano despertar para a sua realidade. Aqui já não vale a direção a ser tomada, isto é, a doutrina, o método etc, mas a condição de necessidade e uma proposta evolucionária capaz de alavancar a evolução humana no planeta. A busca espiritual por meio do outro deve dar lugar, primeiramente, à busca pela maturidade consciencial, quebrando, assim, o ciclo de existências na condição de máquinas controladas à distância.